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A vez primeira que te ouvi dos lábios
Uma singela e doce confissão,
E que travadas nossas mãos, eu pude
Ouvir bater teu casto coração,
Menos senti do que senti na hora
Em que, humilde - curvado ao teu poder,
Minha ventura e minha desventura
Pude, senhora, nos teus olhos ler.
Então, como por vínculo secreto,
Tanto no teu amor me confundi,
Que um sono puro me tomou da vida
E ao teu olhar, senhora, adormeci.
É que os olhos, melhor que os lábios, falam
Verbo sem som, à alma que é de luz.
- Ante a fraqueza da palavra humana -
O que há de mais divino o olhar traduz.
Por ti, nessa união íntima e santa,
Como a um toque de graça do Senhor,
Ergui minh'alma que dormiu nas trevas,
E me sagrei na luz do teu amor.
Quando a tua voz puríssima - dos lábios,
De teus lábios já trêmulos correu,
Foi alcançar-me o espírito encantado
Que abrindo as asas demandara o céu.
Mas, se é certo que a baça mão da morte
A outra vida melhor nos levará,
Em Deus, minh'alma adormeceu contigo,
Em Deus, contigo um dia acordará.
Machado de Assis
É que os olhos, melhor que os lábios, falam
Verbo sem som, à alma que é de luz.
- Ante a fraqueza da palavra humana -
O que há de mais divino o olhar traduz.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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Um comentário:
Não creio mais, não, Machadinho.
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