domingo, 8 de maio de 2011

A morte do poeta

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Certa vez
li que a pior coisa que poderia acontecer a um jovem
aspirante a poeta é casar-se cedo,
ser bem sucedido nos negócios, ter uma vida longa e feliz.

Concordo.
Tudo de bom que já escrevi veio em momentos de profunda dor,
e muitas vezes de profunda depressão.

A dor alimentou meu eu-lírico.
Alimentou minha poesia,
minha paixão pelas palavras.

Doía fundo no coração a saudade da vida que nunca mais eu recuperaria,
doía, o amor de um homem que nunca seria meu, só meu.
Doía, um filho que a vida não me permitiu ter,
doía, os amigos que o destino levava pra longe.

Doía, doeu, doeu fundo.
Mas não dói mais.

Pra minha poesia,
a pior coisa que pode acontecer
foi encontrar o anti-depressivo certo.

Ah, como eu ainda quero voltar àquela vida de asas,
sem perder as raízes que cultivei,
também ainda amo o mesmíssimo homem,
como se ele tivesse partido ainda hoje pela manhã.
O filho, bom esse eu ainda sonho em ter,
E os amigos prossigo fazendo novos amigos,
sem desistir de tentar entender porque de alguns o contato se foi.

Mas as dores são dores que não me cegam mais,
não arregaçam o coração,
não me roubam mais a habilidade de respirar.

São dores.
Apenas dores.
Dores que doem, mas não inspiram poesia.

A vida, passou a ser mais importante que a dor.
Não que a poesia não me seja fundamental,
mas não posso ser como os românticos,
escolher viver a dor pra alimentar a arte,
não sou uma alma assim, tão evoluída.

2 comentários:

Ana Paula disse...

sob todos os aspectos possíveis eu ainda agradeço por sua alma não ser assim "tão evoluida"... viver é fantástico, ainda que hajam momentos de (profunda) dor ...
Espero qu fique bem!

Sylvio de Alencar. disse...

Menina!
Você transcendeu!!
Sua intuição, ou, redescoberta, de que vida não só brota da dor, mas de algo bem maior, é correta!

Existe uma tendencia de patinarmos em situações da vida. Fazer o que, faz parte.

Abraços!