terça-feira, 12 de maio de 2009

São Francisco

Francisco é o tipo de homem que chamaria a atenção de qualquer uma. Nome de santo, cara de bandido, sotaque latino e jeito atrevido. Perguntavam-me os indianos por que ele, e eu dizia, é a lingua meninos, a lingua espanhola. Ria-me por dentro me divertindo com a piada que só funciona em português.
Francisco chegou numa hora que eu nem precisava dele e se mostrou tudo que eu queria, andar de mãos dadas, conversar horas, conhecer restaurantes divertidos. Era galante como eu nem imaginei que haviam homens ainda, dum jeito quase antigo, na rua não se importava com meu ouvido meio bobo, andava sempre pro lado da rua, e eu pro da calçada, dizia-me que assim ele me protejeria em caso de acidente. E eu me derretia.
Lembro que junto com o nome de santo vinham os sobrenomes de ditador, castro e chaves. Mas não lembro de onde ele era se era porto rico, costa rica, só lembro que era algum lugar pobre com nome de rico.
Quando ele desceu e eu fiquei senti um misto de morte com liberdade, dor e paz, agonia e felicidade.
Afinal, o confinamento traz uma vida mais intensa que a necessária para aquele momento da minha vida, e ali, naquele lugar pequeno demais eu vivi tudo que podia com o Francisco. Borboletas no estomago, interesse, coragem, alegria, paz, sossego, orgulho, medo, ódio, tristeza, dor desesperadora, me vi morrer e renascer naqueles corredores e vê-lo todos os dias era profundamente doloroso.
Vê-lo indo embora na rampa foi como que ver a morte.
E após ela viver apesar da morte. Viver, sabendo que ele ainda está vivo, mas que eu nunca mais o verei. E alimentar esse misto de frustração, saudade e paixão adormecida.
Mas penso que ao meu amante latino, posso dar um ponto final, coisas que outros, ficam sempre na virgula, lá no rascunho da minha vida. Esperando um dia de ver a continuaçao da história.
São francisco passou de santo a demonio.
De paixão à asco, e voltou a ser paixão, afinal grandes amores não morrem assim, e deixa seu ponto final. abrindo espaço para novos capitulos.
Coisa que outro não tiveram a descencia de fazer.

3 comentários:

Bruninha disse...

"...não se importava com meu ouvido meio bobo."? meio surdo néh!? rsrs

Maris Morgenstern disse...

ah,

licença poética né

Maris Morgenstern disse...

liocença poética é mara