Fiquei presa à conceitos que nunca se concretizaram, sempre no ideal.
Conceitos que muitas vezes bloquearam minha capacidade de pensar e ignoraram minha vontade de escolher.
E eu, nem mesmo percebia que minha sensibilidade estava sendo roubada.
Sem sensibilidade para não julgar, sem sensibilidade para expressar desejos, sem sensibilidade para enxergar um amor verdadeiramente incondicional. Tornei-me mecânica, ouvindo o eco de uma voz sem emoção naquele salão vazio cheio de gente.
Acreditem, um dia foi tudo real, verdadeiro, intenso, mas tentar continuar agora seria forçar-me a falsidade. E, antes de ser falsidade com os espectadores, falsidade comigo mesma.
Crer no invisível, confesso, nunca foi tão difícil. O difícil era fechar os olhos para hipocrisia, esconder lágrimas com sorrisos bem contornados, viver entre pessoas perfeitas. Tentei, por muito tempo, mas ser perfeito não me atrai, não me encanta.
Não, não me arrependo de nada. Acho que arrependimentos são perca de tempo. Mas sinto, porque minha sede não foi saciada, simplesmente cansou de clamar e minha carência não foi suprida, simplesmente cansou de esperar. Cansada por completo, até o corpo tem sentido os reflexos de uma luta que é da alma.
Não vai ser fácil, nada é fácil. Tanto insistir quanto desistir exigem uma força que, nesse momento, não disponho. Estou no meio do caminho, parada. Não estou decidida nem determinada a nada, só cansada e confusa. Cansada de tantas mentiras maquiadas e confusa entre o que realmente é certo e errado - se é que existe alguma diferença.
Não quero fazer uma revolução mundial convencendo todos da minha nova visão - nem sei se já tenho uma formada. Só quero fazer uma revolução em mim mesma. O que almejo agora, é viver sem vergonha dos meus sentimentos nem medo dos olhares repressores.
Viver, não apenas existir.