sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

repetencias

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Eu queria ter dito que o amava,
mas morria de medo de soar frágil
então me escondi no teclado
e escrevi.
Soei forte como não sou.
Conjuguei o verbo no tempo errado
fiz pensar que acabou,
que o tempo levou quem amou.
Fico assim,
inapta para o mundo real
despreparada para o amor
dando murros em ponta de faca
chorando pelo que se perdeu
mandando cartas que não se leem
cantando canções velhas
lendo poesia barata
bolando planos mirabolantes
para uma fuga incrível
de uma vida
que não me cabe mais.
Não sei se é essa vida
que está grande demais pra mim
eu eu pra ela.
Mas o certo é,
não nos vestimos mais,
não somos mais o mesmo número.
Assim estou eu
Extrangeira ao meu próprio mundo.
Alheia à vida que forjei.

4 comentários:

Maria Rita disse...

Absolutamente lindo! Fazia tempo que não lia algo que vestisse tão bem em mim.

Lindo!

Beijos pra Ti

Sylvio de Alencar. disse...

Talvez, dizendo logo que o amava, vc se livraria de tanto dissabor e fragilidade.
Faça isso da próxima vez, creio que se sentirá melhor ao tomar este tipo de atitude; mesmo que não seja retribuída sua afeição.
além do mais, poderá partir pra outra de alma lavada...

Bjs.

Eu não tenho conserto disse...

"Soei forte como não sou.
Conjuguei o verbo no tempo errado
fiz pensar que acabou,
que o tempo levou quem amou."

Adorei essa parte. Sabe, eu já fui mais sensível nessa minha vida, mas depois que o tempo vai passando e a gente vai batendo a cabeça e vai cultivando cicatrizes, essa sensibilidade vai desaparecendo.

A inocência vai dando lugar à malícia. O mundo cor de rosa vai ficando meio cinza.

Mas a beleza disso tudo é continuar... continuar sempre...

Lendo esse texto senti saudade de mim mesma...

bjissimossssssssssss

Sylvio de Alencar. disse...

Bem... Já parti pruma opnião sobre o texto..., errei.
Se não ouvir, se não souber ouvir, não devemos opnar.

Como é um texto carregado de sensibilidade, posso dizer que é um poema.

à vezes, nossa maneira de amar (em geral) é muito 'regional'; perdemos o foco...
Queremos que em nossa vida aconteça o que queremos, o que sonhamos, o que esperamos que aconteça, quando nada aconteçe dessa maneira que queremos, ficamos Alheios à vida que forjamos.

Mesmo com nossa alma nos avisando através de sua voz, e da 'visão' real que nossa consciência tem das coisas, mesmo assim, buscamos fazer com que a vida dançe conforme nossos desejos.
Acho que se fossem 'nescessidades', não passaríamos taaanto aperto.

Lindo poema, sensível coração.
O 'sofrimento', aí, é a nota dissonante, mas nescessária como qualquer dor para que saibamos que algo não está certo em nossa vida;
pois, quando amamos estamos nos mostrando ao mundo e a nós mesmos, como somos; isto é, se formos atentos, aprendemos com isso.

GRANDE beijo.

(Falo muito...)