terça-feira, 24 de maio de 2011

Ela esta bem medicada

.

Em outras ocasiões eu estaria aqui a horas,
chorando minhas pitangas, pensando, oh céus, oh vida, oh azar,
Mas estou tão bem medicada que a poesia me foge.
Dói saber que você também sente dor,
mas sei lá...
não dói o suficiente pra sair uma rima automática
não dói o suficiente pra eu conseguir soar poeta.
Mas eu queria, queria mesmo, afinal, esse espaço sempre foi mais
divã que qualquer outra coisa.

domingo, 8 de maio de 2011

A morte do poeta

.

Certa vez
li que a pior coisa que poderia acontecer a um jovem
aspirante a poeta é casar-se cedo,
ser bem sucedido nos negócios, ter uma vida longa e feliz.

Concordo.
Tudo de bom que já escrevi veio em momentos de profunda dor,
e muitas vezes de profunda depressão.

A dor alimentou meu eu-lírico.
Alimentou minha poesia,
minha paixão pelas palavras.

Doía fundo no coração a saudade da vida que nunca mais eu recuperaria,
doía, o amor de um homem que nunca seria meu, só meu.
Doía, um filho que a vida não me permitiu ter,
doía, os amigos que o destino levava pra longe.

Doía, doeu, doeu fundo.
Mas não dói mais.

Pra minha poesia,
a pior coisa que pode acontecer
foi encontrar o anti-depressivo certo.

Ah, como eu ainda quero voltar àquela vida de asas,
sem perder as raízes que cultivei,
também ainda amo o mesmíssimo homem,
como se ele tivesse partido ainda hoje pela manhã.
O filho, bom esse eu ainda sonho em ter,
E os amigos prossigo fazendo novos amigos,
sem desistir de tentar entender porque de alguns o contato se foi.

Mas as dores são dores que não me cegam mais,
não arregaçam o coração,
não me roubam mais a habilidade de respirar.

São dores.
Apenas dores.
Dores que doem, mas não inspiram poesia.

A vida, passou a ser mais importante que a dor.
Não que a poesia não me seja fundamental,
mas não posso ser como os românticos,
escolher viver a dor pra alimentar a arte,
não sou uma alma assim, tão evoluída.