sexta-feira, 31 de julho de 2009

Questão de afinidade

Bem Zeca, eu vou votar nessa pessoa por que eu vi que ela tem criado intrigas aqui no blog. Na verdade eu não tenho nada concreto contra ela, até gosto muito dela, mas é uma questão de afinidade.
Nome no papel: "Maris"

ps: beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra todo pessoal que acompanha o blog e pra Carol que me defendeu no post anterior.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Questão de afinidade

Olha Brito Junior.
Eu não tenho nada contra ela.
Mas é que nessas ultimas semanas ela não tem mais escrito no blog, e nem comenta meus textos mais.
Por isso vou votar na Bruninha pra sair, mas por favor entenda que não tenho nada contra ela, é uma questão de afinidade.

Quando um homem chama uma mulher para sair

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas. Durante muito tempo, fiquei achando que eu era uma estressada maluca que não sabia lidar com isso, mas conversando com diversas pessoas, cheguei à conclusão de que esse estresse é um denominador comum a quase todas as mulheres, ainda que em graus diferentes (ou será que sou eu que só ando com gente estressada?). O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam o que se passa nos bastidores. Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Pronto, acabou seu último minuto de paz. Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo ‘Vamos jantar amanhã?’. Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: ‘Claro, vamos sim’. Começou o inferno na Terra.

Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também pára de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável.

Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando ‘Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?’ Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão e pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino. OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de… Melhor mudar de assunto… As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc. Eu não faço, mas conheço quem faça. E nessa se vai mais uma hora do seu dia. Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão, pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair com ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial, dependendo da ocasião.
Pronto, mais horas do dia. Se você trabalha, provavelmente vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr para comprar roupa no final do dia em um shopping.
Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, buço, virilha, sobrancelha, etc, etc. Tem mulher que depila até o cu! Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem. Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir. Eu não consigo, fico nervosa. Se prepare, o dia seguinte vai ser tumultuado. Ah, sim, você vai dormir COM FOME. A dieta do queijo continua.
Dia seguinte. É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar). Mas supondo que você seja uma pessoa normal, vai usar esse tempo para algo mais proveitoso. Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Alias, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz.
Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson: ‘Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens’. Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem. E não adianta pedir indicação de roupa para eles, os malditos não dão sequer uma pista! Claro, para eles é muito simples, as ‘Madames’ só precisam tomar uma chuveirada, vestir uma Camisa Pólo e uma calça e estão prontos, seja para o show de rock, seja para um fondue. Nesse pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva só existem três graduações de roupa: Bermuda + Chinelo, Jeans + Pólo, Calça Social + Camisa Social. Quando você pergunta se tem que ir arrumada é quase certo que ‘Madame’ abra a boca e diga ’sei lá, normal, roupa normal’. Eles não sabem que isso não ajuda em nada.
Escolhida a roupa, com a resignação de que você vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho. Para mim é uma coisa simples: shampoo + sabonete. Mas para muitas não é. Óleos, sabonetes aromáticos, esfoliação (horrível que seja com ’s’, né? deveria ser com ’x'), etc. E o cabelo? Bom, por sorte meu cabelo é bonzinho, não faz a menor diferença se eu lavar com um shampoo caro ou se lavar com Omo, fica a mesma coisa. Mas tem gente que tem que fazer uma lavagem especial, com cremes e etc. E depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador.
Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel. Melhor nem contar tudo que eu faço em matéria de maquiagem, se não vocês vão me achar maluca, digo, mais maluca. Como dizia Napoleão Bonaparte, ‘Mulheres tem duas grandes armas: lágrimas e maquiagem’. Considerando que não faço uso das primeiras, me permito abusar da segunda. Se você for uma pessoa normal, não perde nem vinte minutos passando maquiagem.
Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte… PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica horrível. Se for um desses dias em que seu corpo está horrível e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa e gritando ‘EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA’. O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama para entrar ? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.
Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da ligerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa ‘Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foda’. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar ‘E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha… Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele… se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo…’. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que qualquer deslize que fizer vai espantar o sujeito de forma irreversível.
Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um ‘Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar?’ Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!. Porque eu não dei o sapato? Porra… me custou muito caro! Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.
Enfim, eu sei que existem problemas mais sérios na vida, e o texto é em tom de brincadeira. Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranquilidade que passamos é pura cena. Sejam delicados e compareçam aos encontros que marcarem, ok? E se possível, marquem com antecedência, para a gente ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma… Apesar do texto enorme, quero deixar claro que o que eu coloquei aqui é o mínimo do mínimo. Existem milhões de outras providências que mulheres tomam antes de encontros importantes: clarear pêlos (vulgo ’banho de lua’), fazer drenagem linfática, baby liss… enfim, uma infinidade de nomes que homem não tem a menor idéia do que se trata. Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo ’será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar…’ começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito. Eu, como boa loser que sou, lido do pior jeito possível.
Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar. Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro? ‘Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?’.
Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muuuuiiiiiiito grave! Eu fico puta, puta, PUTA da vida! Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido… nunca ousariam remarcar nada. Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essa altura, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, MUITO GRAVE! A GENTE SE MOBILIZA DEMAIS POR CAUSA DELES! Supondo que ele venha.
Ele liga e diz que está chegando. Você passa perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata ‘HUMMM… tá tão cheirosa!’ (tecla sap: ‘Passou muito perfume, porra’). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, acho homem que repara muito meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver.
Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha (que por sinal custou muito caro) no rego para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar. Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do pé, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino.
Quando ele conta piadas e ri, eu penso: ‘É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero’. A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira. Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.
Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo mesmo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:
  • Roupa…………………………………………………….R$50,00
  • lingerie…………………………………………………….R$50,00
  • Maquiagem……………………………………………….R$50,00
  • Sapato……………………………………………………R$50,00
  • Depilação…………………………………………………R$50,00
  • Mão e pé…………………………………………………R$15,00
  • Perfume…………………………………………………..R$20,00
  • Pílula anticoncepcional………………………………….R$15,00
Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$ 300 para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL? A gente gasta muito mais para sair com eles do que eles com a gente!
Autora desconhecida.
PS. eu NÃO escrevi o texto acima, pelamor de Deus se a autora resolver por um pedaço dele no google e vier aqui com alguma coisa "extra-judicial"
só queria dizer que seu texto é bom, e que queria compartilhar ele com as pessoas q leem esse blog.
PELAMORDEDEUS, não fiz por mal, o google me ajudou a achá-lo...

terça-feira, 21 de julho de 2009

O fim foi assim

 Cristina Aguilera - I Turn To You


Cinco da manhã e eu estava online como combinado.
Tocou o skype.
Por um segundo pensei em não atender, mas, naquele frio eu já estava acordada mesmo, atender era inevitável.
- Good Morning!
- Good morning! how are you?
- fine, and you
- fine too.
ficamos ali, encarando a webcam por algum tempo. Como se ambos soubessemos o que estava por vir. Nós sabiamos.
Ele me perguntou se eu havia desistido dos nossos sonhos. Não sei quanto tempo levei pra responder, acho que foi muito mais do que se deve levar pra responder uma pergunta dessas.
Disse o que me é mais recorrente nos ultimos dias. "Eu não sei"
Ele ainda conseguiu me irritar um pouco dizendo que me entendia. Te proibo de me entender.
As vezes, acho que quando trago comigo aquele anel, carrego um peso que não posso sustentar, eu disse.
Tem mais de meio ano que não vou à igreja sabia? Não sei como mas, ele sabia. Ah Maris, como você espera se casar com um pastor se você nem à igreja vai mais?
Acho que ele também sabia que eu não espero mais.
A verdade é que nossos sonhos que eram tão em comum, hoje são inconcebíveis um ao outro.
Muitos silêncios permearam nossa conversa.
Já havíamos terminado outras vezes, mas essa foi tão, tão diferente que ficou claro que não era só mais um terminar.
Ninguém chorou, ninguém levantou a voz, ninguém desligou.
Só o século vinte e um pra conceber um relacionamento assim.
E eu pensava por quantas pessoas eu havia me apaixonado desde que nós começamos isso, mas nenhuma nunca foi forte o bastante para que eu quizesse mudar aquilo que começou naquela secretaria de igreja numa tarde gelada.
E no fim não foi ninguém mais além de nós mesmos os responsáveis pelo fim.
Não foram minhas muitas paixões platônicas, nem as caça-talento.
Mas nossos sonhos, planos e objetivos que mudaram.
Mudaram tanto que um dia simplesmente tornou-se impossível recolocá-los no mesmo livro sem que um de nós desistisse do indesistível.

sábado, 18 de julho de 2009

Chorar ou não chorar. Eis a questão

.
Lembra da Alicia? Ela estudou com a gente na sexta e na sétima série.
Não sei como você consegue esquecer alguém como a Alicia.
Essa mesma, Alicia chorona-bobona.
Encontrei com ela ontem. Estava voltando de Morretes e nos encontramos no trem, e estavamos as duas vindo pra casa, as duas perdemos o onibus da seis e meia, achamos que era destino e não nos separamos mais até a hora de dizer tchau quando o onibus chegou aqui.
Alicia chorona-bobona como a chamavam os do fundão sempre foi emotiva demais.
Quando nos conhecemos, lembra, ela chorava desesperadamente, porque não ia mais ter aula com alguma professora da quinta série. Outra vez, ela viu sua mãe na escola, chorou horas. Achava que poderia ter acontecido algo, algum professor reclamado ou coisa assim. Não era nada. Alicia além de chorar demais tinha esse outro problema que era sofrer por antecipação.
Quando a menstrução de nossas amigas começou a vir pela primeira vez, uma a uma, Alicia chorava porque sabia que um dia a dela também viria.
Quando o primeiro namorado terminou com ela, meu deus, achei que Alicia fosse desidratar.
Na oitava série Alicia mudou de colégio.
Além de ontem a noite nós nos reencontramos outras duas vezes nesses doze anos que se passaram. Na época do cursinho ela queria ser fisioterapeuta e nós frequentavamos o mesmo cursinho. Alicia tinha mudado um pouco, mas não muito, continuava chorona, mas sempre me dizia que um dia ela teria que aprender a parar de chorar.
Naquela época ela brigou feio com o pai dela, chegou a sair de casa, só voltou mais de um ano depois. Era de cortar o coração, estavamos lá, assitindo alguma aula e eu por alguma razão olhava pra ela, e uma lágrima escorria pelo rosto de Alicia.
Dia e noite, noite e dia Alicia chorava.
Ficamos outros muitos anos sem nos reencontramos, mas o destino sempre cooperou em nossos reencontros. Uma vez eu estava voltando pra casa, e estava plantada a oito horas no aeroporto de Boston. Carregando malas de um lado para outro de saco cheio já, quando a mala de mão caiu, soltei um sonoro "puta que pariu". E o destino, essa criança travessa arrumou de Alicia estar passando ali naquela hora. Ela riu.
Disse-me que eu não havia mudado, nem meu vocabulário.
Ficamos mais cinco horas ali até o avião dela partir, o meu demorou mais que isso.
Alicia estava um caco.
Feliz. Mas acabada.
Dizia-me ela que sabia que se encerrava naquele dia o período mais dificil da vida dela, que voltaria pra casa e seria outra pessoa.
Se foi ou não, demorei outros anos pra descobrir, só descobri ontem na verdade.
Mas naquele dia Alicia tinha olheiras que tomavam conta do rosto todo. Se eu tivesse ouvido tudo o que ela me contou naquele dia eu nunca teria ido trabalhar naquele maldito navio. Pois é, ela estava voltando de uma temporada de navio. Não disse que o destino é uma criança travessa, ela também trabalhou em navio.
Enfim, nessa época de navio, ao que parece o momento mais dificil da vida da Alicia, ela chorou rios de lágrimas.
Mas o que eu mais lembro, é a descrição que ela me fez das lágrimas que ardiam. Dizia que não sabia se era a água do navio ou o que...
Mas que as lágrimas, lembro que ela dizia nao eram apenas lágrimas, mas "lagrimonas" essas lagrimonas eram maior que lágrimas normais, e que quando escorriam era como se queimasses a pele. Como que para marcar pra sempre na pele o que só sabe quem já passou pelo inferno em alto mar.
Dizia que sentia doer. queimar, arder e outros adjetivos relacionados à dor ácida. Só entendi cada um desses adjetivos no meu tempo de navio. Talvez fosse a água mesmo.
Depois desse encontro regado a muitas lágrimas e café do Dunkindonuts, ela me ligou algumas vezes. E eu, naquela adrenalina de que estava chegando meu tempo de ir pro navio não pude perceber a profunda depressão que Alicia enfrentava. Voltar pra casa foi ainda pior.
Mas essa dor eu conheço.
Seus amigos tem novos amigos, novos assuntos, novas piadas. E você não se encaixa mais na vida de ninguém.
Fui. Voltei. Minha vida prosseguiu e a de Alicia também.
Ontem essa criança travessa chamada destino nos reuniu.
E Alicia, mais linda do que nunca. Não derrubou uma única lágrima.
Contamos de nossas aventuras e desventuras. Mas Alicia não chorou.
Alicia chorona-bobona não chora mais.
Simplesmente não chora mais.
Ali pelo meio da viagem tomei coragem e perguntei se no meio de tantas loucuras, fracassos e sucessos não dava vontade de chorar enquanto contava, afinal, ela sempre chorou tanto.
Alicia me disse que a alguns meses não derrama uma única lágrima.
Seriam mais meses, mas tem uns três meses ela chorou um domingo inteiro. Mas antes já se ia quase um ano sem ter chorado.
E me contando dessa vida sem chorar, ela me contou de um velório. Recentemente uma pessoa muito querida dela faleceu. Chegando lá, ela parou ao lado do caixão, e abraçada ao filho desta pessoa ela olhava a falecida.
"é hoje que eu choro", pensou ela.
Mas não chorou.
Ficou ali, olhando para o peito da morta, como que esperando o subir e descer da respiração. Mas não subia.
Nem descia.
E nesse dia diz Alicia, ela se deu conta que algo havia mudado. Ela havia aprendido a não chorar como tanto queria naquela época de cursinho. Ou havia se tornado a outra pessoa que havia decidido ser depois do navio.
Como o destino meu e da Alicia é mais travesso que você é capaz de imaginar, ela tem dois homens na vida dela hoje.
Um exige que ela abra mão da vida dela e o siga cegamente.
Outro
a esquece em qualquer canto.
Nenhum dos dois a buscaria na rodoviaria quando chegamos.
Um porque estava sempre longe
o outro por que na hora da precisão nunca estava por perto.
perguntei se por algum deles ela chorava.
"Nem nó na garganta, Maris, nada! nenhum deles merece nem uma única lágrima minha"
Alicia não chora mais.
Juro que pensar e escrever essa história dela quase me fez chorar.
Mas sei que a Alicia não choraria.
Ela tinha mesmo razão quando dizia que seria outra pessoa.
Não entendo essa teoria das pessoa que merecem ou não nossas lágrimas.
Fico aqui criando as minha teorias sobre quando Alicia decidiu parar de chorar. Acho que ela deve ter criado conceitos sobre merecedores e não merecedores.
Quanto a chorar o futuro, ou aquele preocupar-se todo com o que está por vir, ela me pareceu conformada. Como quem espera o irremediavel, mas as vezes ela deixava escapar um sorriso cretino de quem sabe que as vezes o quem vem pela frente nem é tão ruim assim. Então, pelo bom ou pelo mal que vem, ela não chora.
Mas como tudo que se leva a sério demais...
acho que hoje ela não controla mais o não chorar, ela simplesmente não chora.
Assim como um dia ela não controlava o chorar. Ela simplesmente chorava.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Confissões de uma vestibulanda em crise

Ultimamente me vejo entre livros, apostilas, exercícios, textos, aulas e mais aulas. Leio sobre liberalismo econômico, faço divisão de polinômios, analiso a reprodução das angiospermas, tento diferenciar elementos climáticos de fatores climáticos, lembrar da fila de reatividade dos metais e que no movimento parabólico o alcance máximo de um projétil é no ângulo de 45º.
Estou ficando louca!
Já não consigo assistir TV, a minha consciência fica gritando que eu podia estar estudando. Qualquer panfleto que recebo na rua, faço a análise sintática de cada frase. Meus últimos livros foram 1808, Ou César ou nada, Histórias da vida privada, Ditaduras do século XX, assim como os filmes históricos me perseguem na video locadora. E andar de carro então, são aulas de física constante.
Vejam o que o vestibular faz com uma pessoa. Estou cansada, alterada, entediada, completamente esgotada.
Eu quero voltar a viver!






ps: para fugir um pouco das confissões super femininas típicas desse blog.

domingo, 5 de julho de 2009

cobranças

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Eu não cobro por não saber cobrar.
Não cobro por não ter como pagar quando o jogo virar.
Deixo tudo sem cobrar porque as vezes acho que se eu cobrar, o que o destino faria no seu tempo, eu adianto e sai do forno antes da hora.
Não cobro porque acho que ele teria que querer mudar tudo, sem que eu tenha que contar pra ele que algo precisa mudar.
Não cobro, porque nunca aprendi a cobrar, e preferi aprender a esquecer.
Não, eu não sou assim.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Confissões em duas linhas

Tudo bem, eu até gosto de romantismos
Mas não suporto José de Alencar.