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sábado, 23 de abril de 2011

Meu Querido

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Eu prometi que você faria parte da minha vida,
mas o tempo passou e veja só,
você só sabe de mim as notícias que lhe contaram.
Meu bem,
por favor não se sinta excluído,
provavelmen
te quase todas essas notícias que você soube
eu de alguma forma manipulei elas pra que chegassem até você.
É que por mais que pareça o contrario eu não te esqueci.
Mas te escrever se tornou de uma prática pra te manter
vivo no meu coração,
em uma prática apenas dolorosa.
Nos últimos meses tenho percebido que você está melhor
e fico feliz
foi por isso que desisti de você
eu sempre soube que você ficaria melhor sem mim.
Eu, justo eu que era o que melhor havia acontecido
na sua vida
justo eu,
me tornei o que de pior poderia acontecer.
E ainda não aceitei isso com a grandesa
que os bons perdedores aceitam.
Meu amor,
eu lutei pra ser boa, justa, honesta,
pra ser tudo que você esperava encontrar
quando finalmente nos conhecessemos.
E quando o dia chegou,
não foi suficiente.
Pensei em me tornar o oposto disso,
mas acho que não tem como, eu nunca o fui na verdade.
Ninguém é.
E eu precisei te perder pra entender que a culpa era minha
que eu vivia na ilusão do certo.
não é certo.
não há certo.
Hoje eu entendo.
Mas é tarde,
Você já é feliz.
e eu não faço parte da sua vida.
Meu querido
meu coração diz que você lê cada palavra minha,
mas ele sempre me enganou.
De qualquer forma,
acho que estas palavras se tornarão cada mês mais raras.
Elas desaparecerão um dia.
Hoje ainda não.
Mas um dia...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mianmar - Good Morning Sunshine

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Nós invariavelmente mostrávamos nas nossas rotinas o pior de cada cultura.
Era alguma razão fútil para criar uma discussão entre dois departamentos e uma pequena guerra mundial acontecia nos porões do navio.
Casa paisano defendia seu paisano, que é como chamavamos alguém da mesma nacionalidade, e alianças aconteciam no melhor estilo guerra mesmo.
Então como o que há de pior em cada cultura aflorava naturalmente, nos esforçavamos pra mostrar o lado positivo de se ser paisano de tal cantinho do mundo.
Quando trabalhei no serviço de quarto, meu turno favorito era o da noite. Minha ultima função antes da alforria diária era juntar as bandejas que os hospedes deixavam do lado de fora das cabines.
Enquanto fazia minha seção passava cumpimentando o pessoal da limpesa que começava o turno. Mais pelo Romeno lindo que eu paquerava, e outro tanto por um cara de Mianmar que animava meu dia.
Ele sempre me cumprimentava com: Bom dia raio de sol!
Eu achava aquilo tão lindo que mais de uma vez ele me foi razão pra não abandonar tudo.
Um vez ele me contou que era tradicção na região onde ele morava.
Que cumprimentar as pessoas pela manhã da maneira mais alegre, esforcada, animada e feliz possivel não custava quase nada, e fazia um bem pra quem recebia que não se podia calcular.
E ele tinha razão.
Nunca aprendi o nome estranho dele. Mas lembro até hoje daquele sorroso sem dentes que alegrava meu dia:
Good morning sunshine!!!!!

sábado, 6 de novembro de 2010

Indonésia

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Eu sempre volto do cinema com vontade de escrever, como se o cinema me lembrasse que se eu não escrever minha história ninguém vai escreve-la por mim. E eu levo isso sempre tão a sério que minhas rimas sempre costumas ser pós-cinema.
Mas curiosamente, hoje não voltei pensando em rimas sobre alguém. Sobre a dor nem sobre o amor. Voltei pensando em mim e nas minhas histórias.
Pensei que eu também comprei um dicionário de italiano um dia, e também babava nele com a esperança de um dia aprender de tanto olha-lo.
Também aprendi lições de alma com indianos, e também trouxe de Indonésios coisas que ficarão pra sempre marcadas na minha vida.
Fiquei pensando nas lições que a protagonista fo filme aprendeu, e no porque eu n~unca consegui transformar minhas viagens em lições de vida.
Talve eu tenha saído jovem de mais.
Mas não há como sustentar esse argumento. Eu precisava daquilo mais do que do próprio ar naquele momento.
Talvez essa mania de só ver o lado ruim das coisas. É esse argumento faz sentido, e eu bem devia começar a rever meu ponto de vista da vida.
Na minha segunda viagem conheci uma carioca surtada que repetia sempre "você reclama demais" e eu não conseguia entender. Hoje já consigo me ver reclamando. Mas não consigo parar de reclamar.
Meu chefe romeno dizia que meu problema era que eu pensava demais. Recentemente meu orientador do tcc me disse a mesma coisa.
Meu chefe indiano me fazia chorar por não entender a separação que ele fazia de quando era meu chefe grosso e estupido e de quando era meu amigo. Hoje temo que queria ser como ele, mas não sei ser. Então não sou ninguém, e deixo de falar coisas que poderiam ser de grande valia no trabalho de alguém.
Enquanto eu esperava meu ultimo cheque, mais ou menos uma hora antes de sair do navio, a Rowena, uma Indonésia suja, trapaceira, piriguete, e um amor me procurava loucamente nos corredores do navio. Tinha nas mãos um frasco de um perfume que ela amava, que aliás fedia muito, pra me dar de presente. Disse que foi pra ela um orgulho trabalhar comigo. Morar também, sim eu dividi quarto com a cabelos cadentes. Ela falou como aprendeu comigo a só chorar escondida, que ninguém precisa saber que conseguia me deixar pra baixo. Hoje penso que eu tinha esquecido a lição que aprendi tão duramente naquele lugar.
Os Markos eram dois Servios lindos e vazios. Eu odiava um deles. O outro me encheu de orgulho um dia quando encheu a cara no bar e mandou nosso chefe filipino tomar bem no meio do olho do cu dele, isso após desenhar o mapa do olho do cu no placar da sinuca e pediu demissão.
O outro Marko, antes mesmo da palavra fake virar modinha eu o diferenciava do Marko hero, como sendo o Marko fake. Quando ele cantava de galo, eu que naquela altura tinha aprendido a brigar gritava "você não é real Marko. Nadsa em você é original." Não sei por que eu me implicava tanto com ele. No dia que pedi demissão ele me procurou, me deu um abraço apertado e falou naquele ingles porco dele: "Essa é minha ultima chance. Por isso ainda pareco fake, porque estou me criando de novo e preciso me adaptar a esse personagem. Você pediu demissão porque tinha mais uma chance. Mas, e se for a sua ultima chance, porque um dia, ela será, você não se agarraria a ela a ponto de criar uma nova você?"
O Marko fake me ensinou uma valiosa lição naquele dia, a de que eu não preciso ser sempre eu. E foi uma das poucas liçoes que a que tenho me mantido firme.
Acho que nos proximos dias vou tentar repassar os bons momentos que ficaram das viagens. Afinal os maus e já enterrei na minha memória seletiva mesmo.
Tentar deixar eles eternos, já que são mesmo merecedores da eternidade.
Prometi ao Phillip e à Supakorn que eles se casariam no Brasil, que era o meio do caminho no mundo. O Victor já estaria aqui, a Rowena viria da Indonésia, Phillip nadando da Africa do Sul e todos encontraríamos a Sup deslumbrante vestida de noiva.
Eles acharam que meu plano não era muito eficiente.
Mas acho queum dia vou reencontrá-los.
Hoje estranhamente eu sinto isso.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por que eu não poderia ter escolhido a medicina

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Eu dou trabalho, eu sei.
Não tomo nada q meu médico não tenha prescrito. Coisas de quem já tem remédios demais pra tomar e morre de medo de quem um interfira noutro.
Ainda assim ontem fui parar no hospital por intoxicação medicamentosa. Pácaba né.
Ai fiquei hoje pela manhã reparando nos comentários do médico, da moça que veio buscar o café e mais tarde da enfermeira sobre minha aparência estar muito boa, olhei no espelho e me achei um caco.
Fiquei o resto da manhã imaginando o quanto de pessoas verdes, arrebentadas, etc eles veem por dia.
E concluí que nunca poderia mesmo ter escolhido esta área, mesmo que as vezes me cobre que seria sim possível, era só eu ter tido um pouco mais de oportunidades.
Mas eu sinceramente ficaria profundamente deprimida em apenas duas semanas se tivesse que só ver gente doente.
Sem chance mesmo.
A publicidade provavelmente não vai me deixar rica, mas pelo menos serei sempre rodeada de gente bonita, saudável e coradinha.